2021: ANÁLISE, ADAPTAÇÃO E SUPERAÇÃO

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Bem antes da pandemia, havia um termo que fazia muito sucesso nas sessões de coaching empresarial. Para explicar a importância da adaptabilidade como competência profissional, todo mundo usava e abusava do acrônimo VICA. O mundo é VICA (ou VUCA em inglês): Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo. A pandemia do coronavírus apenas veio reforçar esse sentimento. O nosso mundo muda de forma cada vez mais rápida e como dizia Leon C. Megginson, professor da Louisiana State University: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”

ADAPTABILIDADE E PLANEJAMENTO

Ao nosso nível, em nosso mundo têxtil, estamos sentindo diariamente essas mudanças na pele e a mais drástica é a mudança de hábitos do consumidor. As medidas restritivas, a preocupação com a saúde, o home office, a diminuição do poder aquisitivo ou mesmo a conscientização crescente a respeito de temas como a preservação do meio ambiente são fatores que mudaram o dia a dia do consumidor. E consequentemente a maneira dele se vestir, comprar ou se relacionar com as marcas.

Se você trabalha com vestuário, você certamente está se perguntando como adaptar a sua atividade a esse novo padrão de demanda. Aliás, o mundo inteiro provavelmente se pergunta isso… ou pelo menos deveria.

Realmente não é tão fácil. Obviamente não se trata de seguir cegamente qualquer nova tendência que apareça, com o risco de se perder no caminho. Toda adaptação no seu negócio tem que ser tratada com cautela (e não com medo), com otimismo (no lugar de desmotivação) e sobretudo com planejamento e análise dos riscos (ao invés de imediatismo). Sim, o mundo é imprevisível mas isso não nos isenta de planejar as coisas.

ESTUDOS DE TENDÊNCIAS

Para ajudar com isso, a companhia de consultoria empresarial Deloitte realizou um excelente trabalho de projeção no seu relatório “Tendências globais do marketing em 2021” (2021 Global Marketing Trends). Esse estudo está disponível gratuitamente (em inglês) no site deles.

Através de enquetes, a Deloitte tentou desenhar as principais tendências na mudança de comportamento do consumidor durante e pós pandemia. Por exemplo, o estudo mostra a importância da implicação das marcas na luta contra a Covid na percepção do cliente: as empresas que redirecionaram uma parte dos seus lucros para proteger os seus funcionários, seus clientes ou o público em geral tendem a ter uma imagem mais positiva.

Também se observa que, mesmo após o fim da pandemia, 63% dos entrevistados declararam que iriam usar mais as tecnologias digitais do que antes.

Se você valoriza esse tipo de análise, o IEMI – Inteligência de Mercado também disponibiliza estudos e sondagens mais voltados ao setor têxtil brasileiro. Recomendo a leitura do relatório intitulado “Estimativas do Mercado Têxtil & Confeccionista para 2020 e 2023”, disponível sob solicitação no site da empresa.

O estudo apresenta resultados muito relevantes para o setor têxtil a respeito da mudança de hábitos dos consumidores após a pandemia: 48% das pessoas pretendem praticar mais esportes, 62% falam em continuar usando máscaras e assim por diante.

BENCHMARKING

Observar e tentar prever as mudanças ajuda. Mas às vezes é preciso olhar ao seu redor para se inspirar no que os demais fazem bem: é o tal de benchmarking.

A Deloitte perguntou a executivos a estratégia deles para combater a crise do covid nas suas empresas. A resposta mais comum (42%) foi que procurariam aumentar a produtividade e eficiência das suas atividades. Já 38% querem melhorar as suas gestões dos riscos. Outros 35% vão acelerar as suas transições para plataformas online e outras soluções digitais. E apenas 27% estão pensando em rever os seus modelos de negócios.

Se você fizer parte da última categoria e quer apostar em adaptar a sua oferta de produtos têxteis, considere que nem todos os tipos de vestuário tiveram o mesmo comportamento durante a crise. Alguns foram mais resilientes do que outros, como é o caso do sportswear.

Uma pesquisa da McKinsey & Company indica que, a nível mundial, empresas ligadas ao mercado de roupas esportivas (confecções, distribuidoras, varejistas, etc.) foram mais resilientes à pandemia, apresentando uma melhor variação dos seus valores de mercado comparado a outro tipo de vestuário.

Se você não for um grande fã da roupa de esporte, ainda pode apostar nos pijamas, os moletons e outras roupas comfy. As vendas disparam em 2020, a tal ponto que até marcas de luxo seguiram a tendência.

Mas, cuidado! Essas já não representam mais o movimento desenrolado dos últimos 12 meses. A perspectiva de uma melhoria da pandemia em 2021 fez as vendas desacelerarem. Quem sabe se a segunda onda do vírus e a retomada de medidas restritivas não irá relançar o interesse do consumidor.

Para os fãs de tecnologia, as roupas com tratamento antiviral estão na moda. Isto não é nenhuma novidade: é o mesmo conceito da tecnologia antibacteriana que prometia que a sua camiseta de poliéster não ficaria com cheiro de suor depois do seu treino de crossfit… com um sucesso relativo.

Usam as propriedades das nanopartículas ou diretamente dos íons metálicos, geralmente de cobre ou de prata, para atacar o vírus. O risco dessa tecnologia é que ainda não teve suficientes pesquisas sobre a toxicidade dessas nanopartículas e íons para o humano ou até para o meio ambiente quando elas forem liberadas na água da lavagem. A Comissão Europeia dos Riscos Emergentes (SCENHIR) já avisou: é necessário investigar mais os potenciais riscos dos tratamentos antivirais para garantir um uso seguro.

Infelizmente, não tem solução garantida para você vencer a crise. O que tem é uma infinidade de possibilidades. E para escolher bem você tem que analisar, se informar e conversar com os seus pares.

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