Movimentação (MOV): Alteração Dimensional durante o Processo Têxtil

Tempo de Leitura: 5 minutos

Além da alteração dimensional na lavação, existe a propriedade chamada de “movimentação”, ou MOV, que é a alteração dimensional que acontece no processo da confecção, principalmente no manuseio das peças. Este artigo mostra como quantificar e qualificar esta propriedade das malhas e tecidos, para controlar melhor seu processo têxtil, assim sendo mais eficiente e entregando um produto, com um padrão mais rigoroso de tamanho.

Introdução

O MOV (abreviação de “movimentação”), foi criado com o principal motivo de acabar de vez com a necessidade de descansar as malhas e melhorar o padrão de tamanho das peças. Há muitas pessoas no setor Têxtil que replicam essa ideia de que precisa descansar a malha, para tentar resolver o problema de estiramentos e retrações. Porém, é muito mais eficiente e lucrativo controlar o processo, para ter noção do que você está recebendo e/ou mandando, e assim não precisar deixar o seu produto parado por horas ou dias, para tentar amenizar o problema, consumindo espaço, tempo e consequentemente, dinheiro.

Para se resolver um problema, sempre deve-se tentar atacar a raiz dele, e é aí que vêm o conceito do MOV, que é bem simples: é um teste para se medir quanto uma malha ou tecido alteraria de tamanho no próprio processo de confecção têxtil, como no carregamento do rolo, no manuseio para o corte, na confecção etc. E não ache que é pouco, porque pode chegar até 10%, ou seja, só de desenrolar a malha e deixá-la parada, depois de algumas horas ela alteraria de tamanho 10%. Para entender-se melhor, segue um exemplo: uma malha com um comprimento de enfesto de 10m ficaria com 9m nesse caso, e não têm descanso que controle isso. Não é interessante imaginar você projetando uma camisa G, por exemplo, e no final ela acaba virando uma P, ou uma XG, se alongar em vez de encolher. Então, resumindo: você recebe uma malha não adequada para os seus padrões, e em vez de testar e medir o quanto está fora do que você precisa, você deixa o produto parado para tentar reduzir o problema, e mesmo assim não o resolve completamente.

O MOV

O teste de MOV consiste, basicamente, em marcar uma área para medição, colocar o produto na secadora, e depois medir de novo para calcular a diferença, que é o quanto esse produto alteraria de tamanho passando pelo processo de confecção têxtil. É preciso, porém, ter atenção para não confundir a movimentação com a alteração dimensional, que ocorre somente quando você lava e seca a peça.

Este teste é muito útil para ver se você está recebendo o que está pagando, mas é claro que sempre vão existir peças com defeito. Não pode esperar-se a perfeição, é a empresa que decide qual o seu padrão de tolerância. A tolerância que as empresas que recebem consultoria pela CST, é 3%, que é um número bem razoável. É claro que é melhor existir um consenso de padrão entre todas as empresas que você se relaciona, para ser mais fácil gerenciar/controlar o processo e para evitar retrabalho e perda de tempo. Após verificar a alteração de movimentação é importante efetuar a compensação deste percentual no processo de confecção, sendo o mesmo utilizado já no início, ou seja, no enfesto/corte. Você deve, também, sempre considerar se o cliente final vai se sentir satisfeito com o produto.

Hoje no mercado, já existe uma grande variação de empresa para empresa na modelagem. Então se vou num magazine, com o MOV, e com o controle de tamanho de peças que ele tem, vai ajudar a garantir que você vai usar sempre o mesmo tamanho de peça.

O que causa, principalmente, os defeitos de movimentação e estabilidade dimensional no têxtil, é a falta de conhecimento. Os paradigmas são tantos, que você fica sempre preso num determinado padrão, e não evolui. Para evitar estes tipos de problemas, precisa-se controlar coisas como: projeção da malha, ver o processo que ela passará, controlar os estiramentos no acabamento, a temperatura, a velocidade das máquinas, os possíveis estiramentos no enrolamento do rolo de malha e outras configurações essenciais.

É claro que cada tipo de fibra possui características diferentes, que torna impossível sempre tratá-las do mesmo jeito. Mas, isso não deve ser usado como desculpa para não as controlar no processo, com um jeito diferente de tratar e processar as diferentes malhas e tecidos, de acordo com a necessidade. Os tipos de fibras diferentes, exigem tingimentos e acabamentos diferentes para que sejam alcançados resultados e padrões de qualidade iguais.

O processo:

O procedimento correto para avaliar o MOV nas peças é o seguinte:

  1. Coletar amostra de malha diretamente do rolo ou enfraldamento de malha, sendo que o mesmo deve ser aberto em superfície plana, desenrolado ou aberto sem estiramento. Cortar 2 a 3m da ponta do rolo para descartar.
  2. Fazer a marcação de um quadrado de 50cm x 50cm na malha, imediatamente após o item 01.
  3. Após a marcação, cortar a amostra de malha 20 cm (+ ou – um palmo) após a marcação efetuada de cada lado.
  4. Colocar a amostra no tumbler com tempo de 10 min em temperatura fria.
  5. Após o tempo indicado, retirar a peça do tumbler e efetuar medição para avaliar quanto ela estirou ou alongou no processo. Como o quadrado é de 50 cm, é só medir a diferença de antes e depois do tumbler, multiplicar por 2, e o resultado já será a porcentagem de MOV. 

Resultados

O MOV tem funcionabilidade garantida, mas deve-se respeitar o limite de ± 3% de estiramento ou alongamento. Fora deste resultado, aconselha-se a devolver a malha para reacabamento, pois há risco de ter altos índices de alteração dimensional.

Os resultados positivos representam o alongamento nos artigos, e os negativos, o encolhimento. A movimentação tende a acontecer em intensidade maior no comprimento do que na largura. É possível perceber também que, em geral.

Após efetuar os testes de movimentação, pode-se liberar os lotes dentro do padrão de qualidade para o fluxo de produção, sendo que os percentuais encontrados no MOV, no comprimento e na largura, devem ser compensados na modelagem dos produtos, sendo inseridos estes percentuais no risco (CAD). 

Devolver os lotes que estão fora da tolerância, de ± 3%, para que eles sejam reprocessados no acabamento, e alcancem a meta desejada.

Conclusão

Acredito que este artigo será muito importante na evolução do setor têxtil, para economizar tempo e dinheiro. Se mais pessoas conhecerem este teste por meio deste trabalho, agregarão ele ao seu conhecimento, e poderão satisfazer muito mais os seus clientes, assim, consequentemente, crescendo como pessoas e/ou como empresas, e atingindo o objetivo principal que é: ter um melhor padrão de qualidade no setor têxtil nacional e assim, atender melhor o consumidor.

Caso necessitem de maiores informações ou treinamentos no setor, podem achar na Escola do Têxtil.

Noções Básicas Têxteis https://www.escoladotextil.com.br/nbt

TêxtilPRO https://www.escoladotextil.com.br/textilpro

Artigo desenvolvido por Dany Andrey Rausch e Gabriel Sofiati Rausch

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