Indústria a céu aberto

Tempo de Leitura: 3 minutos

Introdução

Muito diferente do que se imagina quando se fala em indústria têxtil tradicional, a indústria de produção do algodão possui particularidades extremamente interessantes e desafiadoras. Apesar das óbvias diferenças para indústrias do meio e fim da cadeia têxtil, a demanda por qualidade em um mercado altamente competitivo e tecnológico é uma das semelhanças entre todas elas.

A agroindústria, diferente das esferas têxteis concebidas por indústrias em grandes centros urbanos, tem seu insumo principal refém aos contratempos da natureza e seu ciclo, que garantem boa produtividade e qualidade, não são pragmáticos como os demais, assim, o algodão demanda fatores abióticos para garantia de um bom rendimento. 

Conheça agora um pouco sobre cada fase da produção do algodão e suas particularidades:

Plantio

O plantio e manejo desta planta subtropical tem relação direta com as propriedades intrínsecas da fibra, já a colheita e beneficiamento se relacionam com as características extrínsecas. O cuidado e planejamento são primordiais para bons resultados, pois estas são expostas a condições climáticas adversas e riscos que interferem no seu desenvolvimento, sendo necessário um controle fitossanitário.

Colheita

Após a germinação e desenvolvimento, a colheita do algodão é algo delicado e cauteloso pela quantidade de impurezas que poderão caminhar juntas durante boa parte do processo. As grandes máquinas, colheitadeiras, seguem trajetos longos e formam módulos repletos de algodão em caroço envoltos em lona. São grandes bobinas a espera de enobrecimento e transformação. Estes módulos formam filas no pátio para aguardar seu beneficiamento, cada uma traz consigo características e tecnologias que influenciam seu comportamento no desenvolvimento do processo e consequentemente na qualidade final da fibra.

No universo têxtil, a pluma aguarda o processo de preparação para a fiação e posteriormente desempenhar seu papel e se transformar em produto inicial da cadeia, o fio. Mas, para chegar a este patamar tem-se o beneficiamento do algodão, processo este que formará os fardos de pluma e os outros subprodutos oriundos do algodão em caroço.  

Beneficiamento

O beneficiamento do algodão se inicia com o abridor de módulos, famosa piranha, que receberá todo o algodão em caroço colhido na lavoura para o descompactar e o conduzirá para o processo de beneficiamento propriamente dito.  As máquinas de pré limpeza, como os batedores e HL’s, integram o beneficiamento agregando valor à fibra, descartando e segregando todas as impurezas ali incorporadas, através de uma sequência de rolos, serras e escovas, assim, o algodão caminha e vai se tornando imaculado.  

Além do controle de produtividade é necessário ter domínio da umidade para que se preserve a qualidade e otimize processos e desempenho da fibra. A etapa seguinte, o descaroçamento deste insumo, resulta na pluma, a partir da separação da fibra (agora nomeada como pluma) do caroço de algodão, esta etapa é o “núcleo”, sendo um trabalho contínuo dos rolos de serras, rolos de escovas e costela. Segue então para o condensador e o limpador de pluma, que podemos associar à penteagem do processo de fios cardados,  tendo assim a limpeza final do nosso produto principal, sendo direcionado para a bica do condensador da prensa.

Enfardamento

Na prensa é onde ocorre a formação dos fardinhos de pluma a serem comercializados. A pluma prensada segue para o enfardamento, pesagem e etiquetagem do produto, além da retirada de amostras para endereçar à análise de qualidade (visual e HVI) e assim serem separados em conjunto de acordo com os resultados obtidos. A qualidade comercial da fibra está relacionada com seu comprimento, micronaire, uniformidade e sua resistência, visando sempre atingir o padrão internacional estabelecido pelo sistema da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que é aceito pelos grandes países consumidores.

Não só a pluma é oriunda do processo e comercializada, temos o briquete que é a junção de toda impureza descartada, a fibrilha que são as fibras curtas rejeitadas na limpeza da pluma e o caroço de algodão. 

Sobre Ana Clara Alcântara

Engenheira têxtil pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, iniciou estagiando no laboratório químico de uma malharia em Santa Catarina e trabalhou como analista de desenvolvimento de produto em uma empresa de malharia Seamless em Minas Gerais. Atualmente finaliza o processo de trainee em uma Usina de Beneficiamento de Algodão no interior do Maranhão, nesse processo vivenciou experiências em diferentes fazendas no Mato Grosso. Durante a pandemia criou o perfil do instagram @ind.textil para divulgar vagas disponíveis na cadeia têxtil, a fim de facilitar e incentivar a inserção dos profissionais da área no mercado de trabalho.

Já conhece nossa plataforma?

A Weavinn, tem a missão de trazer informação e novidades do setor em nosso blog com especialistas da área. E aqui você também encontra fornecedores e prestadores de serviço para fechar parceria para o seu negócio. Acesse aqui a plataforma Weavinn

Teremos o maior prazer em ouvir seus pensamentos

Deixe aqui seu comentário

Mostrar
Esconder
Weavinn Blog
Logo